JANEIRO
Quando orardes, não sereis como os hipócritas, que gostam de orar...para serem vistos dos seres humanos (Mateus 6.5).
A oração é conversa, é diálogo com Deus. E em sendo diálogo, não há lugar para gritos, altas manifestações de aparência, gestos de autoritários.
Conversa muito alta incomoda e atrapalha a boa comunicação. Assim, como o orar deve ser comedido e com calma, o contexto amplo desta admoestação ensina igualmente como praticar a justiça(Mateus 6.1); como dar esmolas(Mateus 6.2) como orar(Mateus 6.5) e aqui entra o Pai Nosso; e como jejuar(Mateus 6.16).
A oração como um momento de diálogo com Deus tem a capacidade de nos remeter a espaços mais íntimos e delicados, conflitivos, obscuros até, de nossas vidas. Quando oramos, numa postura que permite o olhar sobre estas situações delicadas, podemos nos abrir pra Deus. Assim, a oração pode ser um processo terapêutico. É colocar-se diante de Deus, com o coração aberto, pedindo ajuda, agradecendo, intercedendo. E isto não acontece com orgulho, com cabeças altivas e autossuficientes, mas sim com humildade e respeito. Humildade e respeito não significam submissão.
A oração humilde e sincera abre espaço para a misericórdia e a compaixão.
Um espaço de comunhão é estabelecido.
As mulheres da Libéria usaram a oração como um instrumento de mudanças sociais. Na época de guerra civil naquele país africano elas se juntavam em oração, sentadas em praças, em ruas, em frente aos quartéis do exército e pediam o fim da guerra e violência. Oravam pela paz. E a oração, com ação, destas mulheres colaborou para estabelecer os acordos de paz naquele país(2003). Leymach Cbowee, que recebeu o prêmio Nobel da paz em 2011 foi uma destas mulheres que, junto com o grupo de mulheres da Igreja Luterana da Libéria, reuniam-se nestes círculos de oração pela paz.
Assim como a postura é importante também, a linguagem também o é. As experiências das mulheres em relação à linguagem teológica nos admoestam que orar unicamente a um Deus Pai, Todo-poderoso pode ser limitante ou até doloroso.
Por isso, em comunhão, com as mãos dadas, cruzadas ou abertas, aprendemos a sussurar em oração...
Oração: Deus Amoroso, que nos acolhe e abraça como uma mãe ou um pai! Nós nos achegamos a ti e te pedimos, escuta o que conseguimos dizer, expressar em palavras, o que carregamos em nosso coração. Mas, acolhe também aquilo que não conseguimos expressar em palavras, mas em linguagem corporal, nossas dores, nossos medos, nossas angústias.
Agradecemos-te por esta conversa, por este espaço e momento de diálogo.
Escuta-nos e esteja conosco, hoje e sempre. Amém
Pa. Dra. Elaine Neuenfeldt
FLM- Genebra/Suíça
FEVEREIRO
Deus, o vosso Pai, sabe de que tendes necessidade, antes que lho peçais (Mateus 6.8).
Estas palavras de Mateus são parte do sermão da Montanha. Neste contexto, Jesus adverte os discípulos sobre a hipocrisia em relação às práticas da esmola, da oração e do jejum. Jesus condena a chama de hipócritas aqueles que procuravam "aparecer-se" promovendo ou se justificando com "boas obras". Em Mt 6.5-8 Jesus dá uma orientação clara quanto à verdadeira prática da oração: "Orarás a teu Pai que está em secreto e vê em secreto. Não useis de repetição...porque Deus, o vosso Pai, sabe de que tendes necessidades, antes que lho peçais".
Deus conhece os nossos pensamentos, as nossas necessidades, o que nós de fato precisamos. Mas a oração nos coloca em contato com Deus. Oração é a nossa conversa com Deus. É como filhos e filhas falam com seu pai e a sua mãe daquilo que necessitam.
Nós, seres humanos, não somos Deus. Quando Jesus fala sobre a oração e ensina a oração do Pai-Nosso aos seus, aponta para uma relação de familiaridade com Deus. Não é uma relação distante, mas sim de proximidade. Deus é como um pai querido, uma mãe querida. Que bom que Ele sabe do que nós temos necessidade, do que nós, de fato precisamos.
Poderíamos perguntar: Mas se Deus sabe do que temos necessidade, por que a necessidade de pedir?
Quando pedimos algo para alguém nos colocamos numa atitude de humildade e não de arrogância. O pedir nos mostra que nós não somos deuses, mas aponta para uma relação de dependência, de que nós necessitamos de Deus, que nós na verdade não podemos fazer tudo. A relação de dependência de Deus também nos mostra que nós dependemos uns dos outros, e dependemos também da natureza que nos cerca. Não podemos somente tira e nos aproveitar das coisas que nos cercam, da criação. Precisamos também cuidar dela. Por isto, quem aprende a pedir também aprende a agradecer. E quem aprende a agradecer, também aprende a repartir. Pois não estamos sozinhos no mundo; nós estamos e vivemos inter-relacionados local e globalmente. A oração do Pai-Nosso é uma oração no plural. Aponta para a dimensão da comunitaridade, da coletividade. Ao mesmo tempo, nos lembra de o que Lutero um dia disse: "Hoje tenho muito a fazer, portanto, vou precisar orar muito". Devemos orar com tanto vigor como se tudo dependesse de Deus e trabalhar com tanta dedicação como se tudo dependesse de nosso esforço.
Oração: Deus, nosso Pai e Mãe. Nós te agradecemos e te louvamos porque podemos falar contigo em oração como teu Filho ensinou. Concede-nos, hoje, a tua graça para fazê-lo com confiança e alegria. Amém
P. Carlos Luiz Ulrich
Wunstorf/Alemanha
MARÇO
Pai Nosso que estás nos céus.
Dizer que Deus está no céu faz parte da nossa conversa cotidiana, mas raramente refletimos sobre o significado de ter um Deus nos céus. Uma explicação se encontra nos profetas do Antigo Testamento, que criticavam seus conterrâneos hebreus por adorarem imagens(idolatria). Para os idólatras, não era suficiente dizer que Deus criou céus e terra e livrou os cativos do Egito - Deus precisava ser imanente e imediato. Como já dizia o músico Chico César, todo mundo quer um "deus que faz a feira" e "cuida da nossa carteira". Para os profetas, ter um Deus "no céu" significava que este Deus não poderia ser facilmente manipulado, pois Deus exige transformação e mudança em nossas vidas. Nós somos feitos à imagem de Deus, mas quando Deus é feito à nossa imagem, é idolatria.
Quando Jesus nos ensinou a ora o Pai Nosso, ele conhecia bem os ensinamentos sobre um Deus próximo e acessível. Por isto usou a palavra Abba (pai, em aramaico) para se referir a Deus. Ao chamar Deus de pai, Jesus não usou o pater famílias (como se chamava o pai no modelo patriarcal greco-romano, mas a linguagem íntima do vocabulário infantil, onde nos achegamos a Deus como crianças. Esta expressão da fala cotidiana familiar (Abba como "paizinho, pai querido") é ampliada quando Jesus nos autoriza a tratar Deus da mesma maneira. Para se achegar a este Deus da graça e do Reino, precisamos ser como crianças.
Com o passar do tempo, a figura de Deus pai como Abba foi sendo substituída pelo pater famílias do modelo patriarcal. O pai autoritário e distante servia melhor o modelo de igreja que seguia um jeito grego de pensar e um modelo romano de administrar. Os abusos chegaram a tal ponto que a teóloga Mary Daly concluiu, exasperada:"Se deus é pai, então pai é deus!" A ironia é que, com o termo "pai" caímos na mesma idolatria que os profetas já criticavam, pois reduzimos Deus ao nível do humano e utilizamos a imagem masculina de Deus para justificar o poder masculino na igreja e na sociedade.
Mas Jesus foi além. Jesus escolheu um termo, Abba, que causou estranhamento porque inverteu o conceito judaico do Deus distante. Ao chamar Deus de pai, Jesus resgatou familiaridade e intimidade no relacionamento humano-divino. Mas para impedir que este Abba virasse um ídolo, Jesus o colocou nos céus. Dizer "Pai-Nosso que estás nos céus" traz uma tensão criativa: Jesus nos ensinou sobre um Deus que não pode ser manipulado porque não cabe na bolsa ou no bolso, mas que é também um Deus íntimo, próximo e familiar.
Oração: Deus que constantemente amplias nossos horizontes, nós te agradecemos porque tu te achegas a nós com carinho e bondade. Nós te agradecemos também porque tu nos desafia a crescer e a te entender melhor. Amém!
Oração: Deus, nosso Pai e Mãe. Nós te agradecemos e te louvamos porque podemos falar contigo em oração como teu Filho ensinou. Concede-nos, hoje, a tua graça para fazê-lo com confiança e alegria. Amém
P. Carlos Luiz Ulrich
Wunstorf/Alemanha
MARÇO
Pai Nosso que estás nos céus.
Dizer que Deus está no céu faz parte da nossa conversa cotidiana, mas raramente refletimos sobre o significado de ter um Deus nos céus. Uma explicação se encontra nos profetas do Antigo Testamento, que criticavam seus conterrâneos hebreus por adorarem imagens(idolatria). Para os idólatras, não era suficiente dizer que Deus criou céus e terra e livrou os cativos do Egito - Deus precisava ser imanente e imediato. Como já dizia o músico Chico César, todo mundo quer um "deus que faz a feira" e "cuida da nossa carteira". Para os profetas, ter um Deus "no céu" significava que este Deus não poderia ser facilmente manipulado, pois Deus exige transformação e mudança em nossas vidas. Nós somos feitos à imagem de Deus, mas quando Deus é feito à nossa imagem, é idolatria.
Quando Jesus nos ensinou a ora o Pai Nosso, ele conhecia bem os ensinamentos sobre um Deus próximo e acessível. Por isto usou a palavra Abba (pai, em aramaico) para se referir a Deus. Ao chamar Deus de pai, Jesus não usou o pater famílias (como se chamava o pai no modelo patriarcal greco-romano, mas a linguagem íntima do vocabulário infantil, onde nos achegamos a Deus como crianças. Esta expressão da fala cotidiana familiar (Abba como "paizinho, pai querido") é ampliada quando Jesus nos autoriza a tratar Deus da mesma maneira. Para se achegar a este Deus da graça e do Reino, precisamos ser como crianças.
Com o passar do tempo, a figura de Deus pai como Abba foi sendo substituída pelo pater famílias do modelo patriarcal. O pai autoritário e distante servia melhor o modelo de igreja que seguia um jeito grego de pensar e um modelo romano de administrar. Os abusos chegaram a tal ponto que a teóloga Mary Daly concluiu, exasperada:"Se deus é pai, então pai é deus!" A ironia é que, com o termo "pai" caímos na mesma idolatria que os profetas já criticavam, pois reduzimos Deus ao nível do humano e utilizamos a imagem masculina de Deus para justificar o poder masculino na igreja e na sociedade.
Mas Jesus foi além. Jesus escolheu um termo, Abba, que causou estranhamento porque inverteu o conceito judaico do Deus distante. Ao chamar Deus de pai, Jesus resgatou familiaridade e intimidade no relacionamento humano-divino. Mas para impedir que este Abba virasse um ídolo, Jesus o colocou nos céus. Dizer "Pai-Nosso que estás nos céus" traz uma tensão criativa: Jesus nos ensinou sobre um Deus que não pode ser manipulado porque não cabe na bolsa ou no bolso, mas que é também um Deus íntimo, próximo e familiar.
Oração: Deus que constantemente amplias nossos horizontes, nós te agradecemos porque tu te achegas a nós com carinho e bondade. Nós te agradecemos também porque tu nos desafia a crescer e a te entender melhor. Amém!
Pa Dra. Wanda Deifeld
Delacorah - IA/USA
ABRIL
Santificado seja o teu nome
O primeiro pedido que Jesus expressa na oração do Pai Nosso fala sobre o nome de Deus. Este tema está presente nos primeiros três mandamentos e trata do ser de Deus e do relacionamento com as pessoas. É uma frase curta, repleta de conteúdo, que quer ser compreendida a partir de seu próprio contexto e de toda mensagem bíblica.
Olhemos para uma história anotada no segundo livro da Bíblia (Êxodo 3.13-14). Este relato pode nos ajudar a compreender o pedido de Jesus.
Deus se apresenta a Moisés e revela o seu nome na sarça em chamas. O enigmático nome "eu sou" traz dentro de si uma enorme dinâmica. Nosso Deus se apresenta através daquilo que ele é, e através daquilo que ele fez e continua fazendo. Deus é o criador que nos presenteou com a criatividade. Ele mesmo está sempre em movimento, acompanhando o seu povo através da história e por isso não pode ser fixado a um determinado lugar.
É o agir de Deus que santifica o seu próprio nome. Deus socorre e traz liberdade quando suas filhas e seus filhos são tratados como objetos. Deus restaura a vida de toda sua criação ali onde ela é machucada e destruída.
No evangelho de Mateus encontramos os relatos que nos mostram concretamente como acontece o agir de Deus. É o "Deus conosco" que vem e mora entre nós. Que caminha conosco pelo mais profundo sofrimento. Que nos promete: Eis que estou convosco todos os dias.
O nome de Deus já é santo. Santificar o nome de Deus não é nosso mérito, mas graça do próprio Deus. A oração que aprendemos de Jesus nos convida a usar o nome de Deus entre nós. Santificar o nome de Deus é buscar orientação no seu agir para as nossas palavras e nossas ações.
Oração: Deus misericordioso, agradecemos pela vida que tu criaste. Obrigado por podermos chamar o teu nome e chegar junto de ti com os nossos pedidos. Que o teu nome seja santificado também entre nós. Amém.
P. Geraldo Grützmann
Breklum/Alemanha
MAIO
Venha o teu reino!
"Venha o teu reino." Esta é a prece do primeiro conjunto de preces do Pai Nosso-que trta da causa de Deus no mundo: teu nome, teu reino, tua vontade. Ela é, na origem, uma prece política. Diante do fracasso de todas as conhecidas formas de governo humano, as esperanças dirigem-se, já no Antigo Testamento, a um futuro em que o próprio Deus governará o seu povo. Ambos os Testamentos são pródigos em imagens que buscam descrever essa época de justiça, de paz e ausência de violência, de dor, de opressão, de fome e discriminação (cf., p. ex., Isaías 11.6-9); Apocalipse 21.1-5). Ao lado dessa compreensão temporal futura, encontra-se, no Novo Testamento, também a convicção de que, com a atuação de Jesus, já "é chegado o reino de Deus sobre vós"(Lucas 11.20). As curas realizadas por Jesus são entendidas como sinais da irrupção da época da salvação (Lucas 7.22; Marcos 7.37). É chegada a hora da misericórdia de Deus (Lucas 15.4-7). E o que foi iniciado com Jesus será concluído, no futuro, por Deus. A parábola do grão de mostarda (Marcos 4.30-32) o expressa assim: o grão já foi semeado, mas a planta ainda vai crescer.
A segunda prece pressupõe que e o reino de Deus ainda não é fato totalmente presente. Pedimos que ele "venha". Isso, no entanto, não significa que devamos esperar de braços cruzados até a vinda do reino. Quando o evangelista Marcos (1.15) resume a mensagem de Jesus na frase: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo", ele, de imediato, acrescenta dois imperativos" arrependei-vos e crede no Evangelho". A vinda do reino implica uma decisão inadiável de nossa parte. Necessária é uma mudança de mentalidade: importantes não são os nossos conceitos de reino-como felicidade pessoal, sucesso profissional, constante progresso ou desenvolvimento econômico ilimitado. Decisivo é que Deus "governe" nossas vidas e nossa sociedade.
A prece "Venha o teu reino" também pressupõe que as pessoas não conseguem "construir"o reino de Deus. Todas as possíveis formas de sociedade que a humanidade construiu no passado ou ainda instituir no futuro certamente não podem ser identificadas como o reino de Deus. Isso, no entanto, não deve ser um estímulo ao fatalismo e à inatividade. "Crer no Evangelho" também não significa crer que a vida plena somente existirá após a morte. A fé cristã se dirige contra a fatalidade: as coisas "podem" mudar. Ainda que não possamos construir o reino de Deus, a segunda prece nos urge a colocar sinais de nossa esperança nesse reino.
Em outras palavras: quem ora "venha o teu reino" compromete-se a plantar sementes da vida plena para todas as pessoas e toda a criação.
Oração: Pai misericordioso faça de nós testemunhas do teu reino! Faze com que possamos ser instrumentos de reconciliação e paz, promotores de relações justas e fraternas entre as pessoas e multiplicadores da alegria que nasce da certeza de sermos tuas filhas e teus filhos amados.
Amém
Kassel/Alemanha
JUNHO
Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.
Martim Lutero interpreta esta prece do Pai Nosso assim: "A boa e misericordiosa vontade de Deus acontece na verdade sem a nossa oração, mas com esta petição rogamos que também se faça entre nós!- A vontade de Deus se faz entre nós quando Deus destrói e afasta tudo o que nos impede de santificar o Seu nome e que seja obstáculo para a vinda de o Seu reino. E a vontade divina também se faz quando Deus nos fortalece e nos mantém firmes em Sua palavra e na fé até o fim de nossa vida. Esta é a Sua boa e misericordiosa vontade!".
Nesta prece "seja feita a tua vontade assim na terra como no céu" Jesus nos leva a dirigirmo-nos com humildade a Deus, nosso Pai - pedindo-lhe que a sua vontade se cumpra em todo o lugar. Aliás, dirigir-se a Deus como Pai era algo inusitado na época.
Esta prece também expressa um profundo sentido comunitário: Pai nosso, e não Meu pai... Quando Jesus pede que se faça a vontade de Deus na terra como no céu, não o faz só para ele, mas também para os seus irmãos e irmãs. Do mesmo modo que, em outra prece, ele pede pelo pão nosso, e não pelo meu pão.
Na verdade, quando Jesus vive e proclama a vontade de Deus, o Pai, e pede que esta se realize na terra como no céu, ele está ao mesmo tempo inaugurando uma mudança de perspectiva. Assim podemos rever nossa relação com Deus, com o nosso próximo e com o mundo em que vivemos e desta forma corresponder ao que Deus quer.
A mensagem e a atitude de Jesus manifestam um profundo reconhecimento: a aceitação tem a sua fonte na consciência de ser aceito, e que poder regressar para casa relaciona-se com o fato de ser achado: "Este meu filho...esteve perdido e foi achado!" (Lucas 15,24.32).
A capacidade de amar nasce da experiência de ser amado. Sempre vamos necessitar de outra pessoa para reconhecer-nos a nós mesmos e aos outros. O amor não é uma imposição, uma lei, mas um reflexo!
O dever sem amor é pesado, mas quando executado em amor ajuda a gente a ser persistente.
A amabilidade sem amor pode ser puro teatro, mas quando praticada em amor promove compreensão.
A educação sem amor só consegue revelar contradições, porque é um monte de regras e ordens, mas com amor vai alimentando a paciência, a tolerância e o convívio.
A fé sem amor facilmente transforma-se em fanatismo, mas quando vivida em amor constrói a paz. O amor possibilita a que experimentemos viver a verdadeira humanidade.
Segundo Jesus, o amor a Deus junto com o amor ao próximo resume toda a vontade divina pela qual pede que ela se faça assim na terra como no céu (Mateus 22,37-40).
Oração: Senhor Deus, nosso Pai! Tu sabes o quanto a tua santa vontade deixa de acontecer, também entre nós. Também por nossa culpa. Perdoa-nos quando em nossos pensamentos e nossas ações não perguntamos pela tua vontade, e dá que ela se realize no céu e na terra apesar disso.
Usa-nos para fazer acontecer a tua vontade. Amém
P. Silvio Schneider
Bogotá/Colombia
JULHO
O Pão nosso de cada dia nos dá hoje.
Martin Lutero já dizia que o "pão nosso de cada dia" se refere a todos os alimentos e a tudo o que necessitamos para ter uma vida digna. Por isso, a oração pelo pão nosso de cada dia tem que ver com a questão da produção, da distribuição e do consumo dos alimentos e do cuidado com o meio ambiente. Já somos 7 bilhões de pessoas no mundo. Desse total uns 800 milhões de pessoas passam fome. Por outro lado, 1 bilhão de pessoas no mundo estão com sobrepeso. Ou seja, tem mais gente com sobrepeso que com fome nesse mundo. Além disso, nem toda comida produzida se consome. Na Europa e nos Estados Unidos vão para o lixo cada ano entre 95 kg a 115 kg de comida por pessoa. Por isso, o problema da fome no mundo não é um problema de falta de alimentos em primeiro lugar, mas sim um problema de distribuição desses alimentos.
O Brasil é reconhecido como um dos principais produtores de alimentos do mundo. Mesmo assim temos mais de 20 milhões de pessoas que vivem na miséria e passam fome. Cada vez mais se ampliam as área de produção extensiva para o monocultivo. E isso favorece a multiplicação de pragas e a destruição da diversidade. Como as pragas não encontram inimigos naturais, a solução é envenenar o solo, as águas e o ar com agrotóxicos. Desde o ano 2008 o Brasil é o campeão mundial de consumo de agrotóxicos.
Por isso, ao orar pelo pão nosso de cada dia, Jesus nos convida também a tomar consciência de nossa responsabilidade para que o pão seja acessível para todos e que seja de qualidade. Garantir o pão nosso de cada dia significa fortalecer as práticas agroecológicas, reduzir o desperdício de alimentos e apoiar os pequenos agricultores, consumindo mais os produtos locais.
Oração: (Louvando) Cristo venceu a morte/bendita a nossa sorte./Um novo dia/nos alumia. Amém.
JULHO
O Pão nosso de cada dia nos dá hoje.
Martin Lutero já dizia que o "pão nosso de cada dia" se refere a todos os alimentos e a tudo o que necessitamos para ter uma vida digna. Por isso, a oração pelo pão nosso de cada dia tem que ver com a questão da produção, da distribuição e do consumo dos alimentos e do cuidado com o meio ambiente. Já somos 7 bilhões de pessoas no mundo. Desse total uns 800 milhões de pessoas passam fome. Por outro lado, 1 bilhão de pessoas no mundo estão com sobrepeso. Ou seja, tem mais gente com sobrepeso que com fome nesse mundo. Além disso, nem toda comida produzida se consome. Na Europa e nos Estados Unidos vão para o lixo cada ano entre 95 kg a 115 kg de comida por pessoa. Por isso, o problema da fome no mundo não é um problema de falta de alimentos em primeiro lugar, mas sim um problema de distribuição desses alimentos.
O Brasil é reconhecido como um dos principais produtores de alimentos do mundo. Mesmo assim temos mais de 20 milhões de pessoas que vivem na miséria e passam fome. Cada vez mais se ampliam as área de produção extensiva para o monocultivo. E isso favorece a multiplicação de pragas e a destruição da diversidade. Como as pragas não encontram inimigos naturais, a solução é envenenar o solo, as águas e o ar com agrotóxicos. Desde o ano 2008 o Brasil é o campeão mundial de consumo de agrotóxicos.
Por isso, ao orar pelo pão nosso de cada dia, Jesus nos convida também a tomar consciência de nossa responsabilidade para que o pão seja acessível para todos e que seja de qualidade. Garantir o pão nosso de cada dia significa fortalecer as práticas agroecológicas, reduzir o desperdício de alimentos e apoiar os pequenos agricultores, consumindo mais os produtos locais.
Oração: (Louvando) Cristo venceu a morte/bendita a nossa sorte./Um novo dia/nos alumia. Amém.
P.Nilton Giese
CLAI-Quito/Equador
AGOSTO
E perdoa-nos as nossas dívidas...
A conjugação de ligação "e" auxilia na compreensão desta petição. Se as primeiras petições tratam daquilo que Deus quer, a partir da quarta petição (O pão nosso de cada dia nos dá hoje) a oração enfoca aquilo que é necessário para o bem viver da pessoa humana. Como necessitamos do pão, isto é, tudo necessário para o bem viver - como explica Lutero -, assim necessitamos também a cada dia o perdão de nossas dívidas, de nossos pecados. Dá o pão e perdoa os pecados expressa de maneira integral, corpo e alma, todo o anseio do ser humano. "Não só de pão viverá a pessoa, mas de todo palavra que procede da boca de Deus" (Mateus 4.4). Palavra essa tornada carne em Jesus Cristo, o qual em sua cruz assumiu nossos pecados, como se fossem seus, e nos deu de sua santidade. O que, como diz Lutero, foi para nós uma "troca feliz". Usufruímos desta "troca feliz" ao nos reconhecermos como pessoas pecadoras, as quais carecem da glória de Deus (conforme Romanos 3.26). Pois se "dissemos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós" (1 João 1.8). Sim! Somos pessoas pecadoras. Nós nos afastamos de Deus e, por conseguinte, pecamos na relação com as pessoas e o mundo em nossa volta.
Orar "e perdoa-nos as nossas dívidas" é reconhecer-se como pecador e pecadora. Neste reconhecer-mo-nos, revela-se quem é o nosso Deus. A saber, um Deus que, em seu amor gracioso, acolhe de braços abertos o seu filho ou sua filha - que está ciente de sua própria situação e se arrepende - perdoando-o, consolando, libertando e lhe proporcionando nova vida (conf. Lucas 15.11-32). Uma vida cuja culpa não mais remói no coração e na consciência, mas que nos deixa junto de Deus e nos empurra ao encontro das pessoas, procedendo como Deus o faz. Assim como fomos perdoados, abraçados por Deus, também "perdoamos aos nossos devedores". Deus não pede que cumpramos ritos, paguemos promessas e dízimos para recebermos a graça de sua - e exclusivamente sua - obra salvadora em Jesus Cristo por nós. Contudo, espera que - em amor e gratidão - perdoemos incondicionalmente e diariamente aos nossos devedores, assim como ele nos perdoa. Amém
Oração: Amado Deus, tu nos acolhes em teu amor quando nos voltamos arrependidos a ti. Dá que reconheçamos nossos pecados e creiamos no teu perdão por Cristo. E como tu procedes conosco, assim também nós procedamos. Amém.
P. Milton Jandrey
Schwandorf/Alemanha
Setembro
...assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
Após o culto nos reunimos para o almoço comunitário. Sentada a uma das mesas ouvi o seguinte: Tomara que o Alberto não sente aqui!
Estávamos ali após celebrar o culto, no qual havíamos confessados os pecados, recebido o anúncio da graça e do perdão, ouvido a palavra de Deus e em conjunto participado da ceia. Mas qual o significado disso em nosso dia a dia?
O que ouvi demonstra a nossa dificuldade em perdoar. Aqui lembramos da parábola do credor incompassivo (MT 18.23-35). Jesus nos conta sobre um rei que resolveu acertar as contas com os seus servos. Quando soube que eles não tinham como pagar, perdoou o que deviam. Ao invés de proceder do mesmo modo, eles não perdoaram as dívidas do seu próximo. O soberano, indignado, voltou atrás e condenou seus devedores a pagar todo o débito que havia perdoado. Com esta parábola Jesus nos ensina que a misericórdia de Deus para conosco não tem limites, nem se esgota, como também a mesma quer orientar toda a nossa vida.
Perdoar aos nossos devedores faz parte da nossa gratidão a Deus por ter perdoado os nossos pecados através da morte de Jesus na cruz. Diariamente pecamos, porém, Deus nos perdoa por graça, assim também nós devemos perdoar ao nosso próximo. O perdoar é que nos possibilita ter comunhão com Deus e com os nossos devedores.
Essa petição que fazemos a Deus no Pai Nosso é também um compromisso que assumimos perante Ele em relação aos nossos semelhantes. Assim, significa que o perdão recebido também deveria significar um perdão dado. Na verdade, o perdão é uma demonstração de amor. Em lugar de cobrar vingança, ou remoer raiva, decide-se perdoar. A pessoa opta por imitar Deus, opta por amar. Perdoar aos nossos devedores é o passo a ser dado em nossa fé.
Ao nos perdoar foi Deus quem veio por primeiro em nosso encontro. Isso também deve nos animar a não esperar primeiramente pelo reconhecimento do erro ou pedido de perdão da outra pessoa, mas sim, agradecidos a quem nos perdoou primeiro, ir ao encontro de nosso próximo e perdoar, para uma nova vida recomeçar: Experimente!
Comunidade cristã é comunhão de pessoas perdoadas. Com a ajuda de Deus podemos fazer do perdão a nossa forma de vida, isto nos levará à paz - paz conosco mesmos, paz com o próximo e paz com Deus. Esta paz é uma benção maravilhosa, da qual Deus quer que todos nós usufruamos.
Oração: Bondoso Deus, agradecemos-te pelo teu perdão. Pedimos, ó Senhor que este nos conduza a perdoar e capacite-nos a sermos agentes da reconciliação. Em nome de Jesus. Amém.
Pa. Márcia Helena Hülle
Schwandorf/Alemanha
Outubro
E não nos deixes cair em tentação.
Que significa isso? Deus, em verdade, não tenta ninguém; mas suplicamos nesta petição que nos guarde e preserve, para que o diabo, o mundo e a nossa carne não nos engane, nem nos seduzam a crenças falsas, desespero e outras grandes infâmias e vícios; e, ainda que tentados, vençamos afinal e retenhamos a vitória (Martim Lutero - Catecismo Menor - explicação à 6ª petição.).
As palavras "e não nos deixe cair" sugerem a necessidade da orientação de Deus nas decisões da vida. "Não cabe ao homem determinar o seu caminho". Necessitamos olhar para Deus, para que Ele nos mostre o caminho que devemos tomar..
Em nossos dias somos tentados de diversas maneiras. Talvez hoje demos outras denominações a elas do que Lutero dava. Mas elas estão aí: Somos tentados a cair no individualismo, no egoísmo, a excluir as pessoas, ao consumismo, aos vícios, a buscar o poder e o dinheiro passando por cima de tudo e todos. Deixar-se levar de acordo com o pensamento do sistema de morte e ir desacordo ao projeto vida...
O pior é que nem nos damos conta que estamos sendo tentados, porque "tudo é tão normal". Por isso é importante rogar a Deus sempre "E não nos deixes cair em tentação."
Diante de todas estas tentações e de muitas outras mais, é bom saber que Deus quer nos guardar, proteger e nos libertar das tentações. Por isso Jesus Cristo nos ensina a orar: "Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal".
Oração: Agradecemos-te Deus de amor e misericórdia! Porque tu te preocupas com todos os teus filhos e filhas. Pedimos-te que nos acompanhes com tua proteção e bênção. Mostra-nos os caminhos que devemos andar para que não venhamos a cair nas tentações que nos querem afastar de ti e de nossos semelhantes. Por Jesus Cristo. Amém.
P. Jan Luciano Meyer
Villa General Belgrano
Córdoba/Argentina
Novembro
Mas livra-nos do mal.
A cada dia que se passa estamos nos deparando com a maldade em seu estado mais avançado. Crimes horríveis são anunciados todos os dias na mídia brasileira. Enquanto preparo esta meditação, a notícia é de uma esposa que matou seu marido e cortou o corpo em pedaços-que barbárie! Assaltos, assassinatos, sequestros, abusos sexuais e violência doméstica, são o pão nosso de cada dia. Lamentavelmente vivemos em um mundo no qual, por causa da maldade, estamos presos em nossas casas e os assim chamados bandidos soltos nas ruas. Que saudade de lugares ou tempos onde podíamos deixar as janelas e portas abertas.
Lembram?
A maldade humana parece não ter limites e nem freios. Ela está nos corações das pessoas, pois o ser humano é essencialmente pecador. O mal é sistêmico e é movido pelo diabo. Depois da queda de Adão e Eva e sua expulsão do Paraíso, o ser humano é gerado com a velha natureza adâmica. Assim, ele é mau desde a sua meninice (Gênesis 8.21). Consequentemente, o mal perpassa todo o sistema do mundo e, portanto, é condenado por Deus: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo está debaixo do poder do diabo" (1 João 5.19).
O mal existe porque o procuramos, porque outros nos metem em situações difíceis, porque o diabo assim o faz e porque Deus o permite. A Bíblia nos apresenta o conceito do mal em uma via de sentido opostos, ou seja, o mal que sofremos e o mal que cometemos. Por isto Lutero diz que nesta petição está o pedido por proteção contra todo o mal e também o pedido de libertação do mal. Esta petição encerra uma oração "que primeiro seja entre nós santificado o seu nome, esteja entre nós o seu reino e se faça a sua vontade" (Catecismo Maior).
É fundamental ter consciência que o mal está em nós para poder reagir contra ele. Se o negarmos favoreceremos sua ação. Tudo aquilo que nos afasta de Deus e uns dos outros é ação do diabo e, portanto, maldade.
Oremos pedindo que Deus nos proteja das maldades de outras pessoas-violência, destruição, sofrimento, dor e morte. Somente Deus pode nos cuidar com seu amor protetor. Por outro lado, oremos pedindo que Deus retire de nossos corações sentimentos e atitudes que geram maldades: ódio, vingança, inveja, fofoca, egoísmo, orgulho, preconceitos, enfim, tudo que não faz parte da lista de valores cristãos que Jesus Cristo nos deixou.
Ore "mas livra-nos do mal" com a fé e peça a Deus que livre você do mal que possa sofrer, mas também do mal que possa cometer. Orando assim, você participará do Reino de Deus como instrumento promotor de paz, amor, solidariedade, perdão - vida. "Pois sabemos que em todas as coisas Deus trabalha para o bem daqueles que o amam, daqueles a quem ele chamou de acordo com o seu propósito" (Romanos 8.28).
Oração: Bondoso Deus livra-nos do mal. Dá que eu possa viver minha vida protegido por ti e que tu me protejas de cometer maldades. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
P. Maurício Roberto Haacke
Santa Rita - Alto Paraná/Paraguai
DEZEMBRO
Pois teu é o Reino, e o Poder e a Glória para sempre. Amém.
No Catecismo Menor Lutero leem as palavras:"Pois teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém" como sendo a conclusão de toda a oração do Pai Nosso. Na explicação, entretanto, ele apenas pergunta: "Que significa Amém?" E sua resposta é: "Devo estar certo de que estas petições são agradáveis ao Pai celeste e ouvidas por ele; pois ele mesmo nos ordenou orar desta maneira e prometeu atender-nos. Amém, Amém, isto significa: Sim, assim seja!" O Amém significa a firme fé de que isto que oramos é verdade, e não duvidamos. Esse crer na bondade de Deus, expresso nesta palavrinha Amém encontramos formulado de modo fundamental em toda a Teologia da Reforma, na certa promessa da graça e do perdão de Deus. Deus já se decidiu pela graça e a questão agora é crer nesta promessa.
Na Idade Média existe uma espécie de instrumentalização da culpa e do sentimento de culpa contra as pessoas, não objetivando o perdão, mas sim a dependência. Era uma espécie de economização da culpa.
Aqui o firme crer e não duvidar da certeza da graça de Deus e do seu perdão não permite mais a instrumentalização da culpa contra as pessoas, dominando suas consciências com medo da ira de Deus. Assim, do ponto de vista da teologia luterana, podemos dizer que existem dois tipos de pecados: um deles é não reconhecer o pecado de forma sincera, passando uma camada de ilusão sobre a realidade, nos desculpando - enfim, não reconhecendo nossa real responsabilidade e omissão. O outro pecado é duvidar da graça de Deus, desconfiar de Deus. Lutero diz que onde não há fé não é atribuída a glória de Deus, isto é, não é atribuída a Deus a verdade, de que ele é justo e misericordioso. Sem a fé, Deus "manda embora" de nós sua glória, sapiência, justiça, verdade e misericórdia. Com a fé Deus quer criar toda a sua glória não somente em si mesmo, mas em nós!
Justificados e justificadas por graça mediante a fé nos voltaram para servir por gratidão. Como o mundo ainda não vive conforme o reino, confiantes em Deus, cristãos e cristãs se engajam no mundo, juntamente com todas as pessoas de boa vontade, para que haja justiça e direito. Deus age também através da política para que o mundo não sucumba por causa das consequências sociais e ecológicas do pecado. Oramos "nosso" (e não "meu"), oramos para que o reino e a graça de Deus sejam também das outras pessoas. Deus espera em nossa oração a confissão e a verdade, e ele responde na verdade do seu amor. Amém.
Oração: Pai amado! O Reino o Poder e a Glória já são teus desde a eternidade; e o serão para sempre. Carece de nós, teus filhos e filhas, e o mundo reconhecer isto através de palavras e ações. Dá-nos, ó Pai, que e reconheçamos e vivamos. Amém.
P.Dr. Silfredo B. Dahlfert
Liechtenstein
Setembro
...assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
Após o culto nos reunimos para o almoço comunitário. Sentada a uma das mesas ouvi o seguinte: Tomara que o Alberto não sente aqui!
Estávamos ali após celebrar o culto, no qual havíamos confessados os pecados, recebido o anúncio da graça e do perdão, ouvido a palavra de Deus e em conjunto participado da ceia. Mas qual o significado disso em nosso dia a dia?
O que ouvi demonstra a nossa dificuldade em perdoar. Aqui lembramos da parábola do credor incompassivo (MT 18.23-35). Jesus nos conta sobre um rei que resolveu acertar as contas com os seus servos. Quando soube que eles não tinham como pagar, perdoou o que deviam. Ao invés de proceder do mesmo modo, eles não perdoaram as dívidas do seu próximo. O soberano, indignado, voltou atrás e condenou seus devedores a pagar todo o débito que havia perdoado. Com esta parábola Jesus nos ensina que a misericórdia de Deus para conosco não tem limites, nem se esgota, como também a mesma quer orientar toda a nossa vida.
Perdoar aos nossos devedores faz parte da nossa gratidão a Deus por ter perdoado os nossos pecados através da morte de Jesus na cruz. Diariamente pecamos, porém, Deus nos perdoa por graça, assim também nós devemos perdoar ao nosso próximo. O perdoar é que nos possibilita ter comunhão com Deus e com os nossos devedores.
Essa petição que fazemos a Deus no Pai Nosso é também um compromisso que assumimos perante Ele em relação aos nossos semelhantes. Assim, significa que o perdão recebido também deveria significar um perdão dado. Na verdade, o perdão é uma demonstração de amor. Em lugar de cobrar vingança, ou remoer raiva, decide-se perdoar. A pessoa opta por imitar Deus, opta por amar. Perdoar aos nossos devedores é o passo a ser dado em nossa fé.
Ao nos perdoar foi Deus quem veio por primeiro em nosso encontro. Isso também deve nos animar a não esperar primeiramente pelo reconhecimento do erro ou pedido de perdão da outra pessoa, mas sim, agradecidos a quem nos perdoou primeiro, ir ao encontro de nosso próximo e perdoar, para uma nova vida recomeçar: Experimente!
Comunidade cristã é comunhão de pessoas perdoadas. Com a ajuda de Deus podemos fazer do perdão a nossa forma de vida, isto nos levará à paz - paz conosco mesmos, paz com o próximo e paz com Deus. Esta paz é uma benção maravilhosa, da qual Deus quer que todos nós usufruamos.
Oração: Bondoso Deus, agradecemos-te pelo teu perdão. Pedimos, ó Senhor que este nos conduza a perdoar e capacite-nos a sermos agentes da reconciliação. Em nome de Jesus. Amém.
Pa. Márcia Helena Hülle
Schwandorf/Alemanha
Outubro
E não nos deixes cair em tentação.
Que significa isso? Deus, em verdade, não tenta ninguém; mas suplicamos nesta petição que nos guarde e preserve, para que o diabo, o mundo e a nossa carne não nos engane, nem nos seduzam a crenças falsas, desespero e outras grandes infâmias e vícios; e, ainda que tentados, vençamos afinal e retenhamos a vitória (Martim Lutero - Catecismo Menor - explicação à 6ª petição.).
As palavras "e não nos deixe cair" sugerem a necessidade da orientação de Deus nas decisões da vida. "Não cabe ao homem determinar o seu caminho". Necessitamos olhar para Deus, para que Ele nos mostre o caminho que devemos tomar..
Em nossos dias somos tentados de diversas maneiras. Talvez hoje demos outras denominações a elas do que Lutero dava. Mas elas estão aí: Somos tentados a cair no individualismo, no egoísmo, a excluir as pessoas, ao consumismo, aos vícios, a buscar o poder e o dinheiro passando por cima de tudo e todos. Deixar-se levar de acordo com o pensamento do sistema de morte e ir desacordo ao projeto vida...
O pior é que nem nos damos conta que estamos sendo tentados, porque "tudo é tão normal". Por isso é importante rogar a Deus sempre "E não nos deixes cair em tentação."
Diante de todas estas tentações e de muitas outras mais, é bom saber que Deus quer nos guardar, proteger e nos libertar das tentações. Por isso Jesus Cristo nos ensina a orar: "Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal".
Oração: Agradecemos-te Deus de amor e misericórdia! Porque tu te preocupas com todos os teus filhos e filhas. Pedimos-te que nos acompanhes com tua proteção e bênção. Mostra-nos os caminhos que devemos andar para que não venhamos a cair nas tentações que nos querem afastar de ti e de nossos semelhantes. Por Jesus Cristo. Amém.
P. Jan Luciano Meyer
Villa General Belgrano
Córdoba/Argentina
Novembro
Mas livra-nos do mal.
A cada dia que se passa estamos nos deparando com a maldade em seu estado mais avançado. Crimes horríveis são anunciados todos os dias na mídia brasileira. Enquanto preparo esta meditação, a notícia é de uma esposa que matou seu marido e cortou o corpo em pedaços-que barbárie! Assaltos, assassinatos, sequestros, abusos sexuais e violência doméstica, são o pão nosso de cada dia. Lamentavelmente vivemos em um mundo no qual, por causa da maldade, estamos presos em nossas casas e os assim chamados bandidos soltos nas ruas. Que saudade de lugares ou tempos onde podíamos deixar as janelas e portas abertas.
Lembram?
A maldade humana parece não ter limites e nem freios. Ela está nos corações das pessoas, pois o ser humano é essencialmente pecador. O mal é sistêmico e é movido pelo diabo. Depois da queda de Adão e Eva e sua expulsão do Paraíso, o ser humano é gerado com a velha natureza adâmica. Assim, ele é mau desde a sua meninice (Gênesis 8.21). Consequentemente, o mal perpassa todo o sistema do mundo e, portanto, é condenado por Deus: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo está debaixo do poder do diabo" (1 João 5.19).
O mal existe porque o procuramos, porque outros nos metem em situações difíceis, porque o diabo assim o faz e porque Deus o permite. A Bíblia nos apresenta o conceito do mal em uma via de sentido opostos, ou seja, o mal que sofremos e o mal que cometemos. Por isto Lutero diz que nesta petição está o pedido por proteção contra todo o mal e também o pedido de libertação do mal. Esta petição encerra uma oração "que primeiro seja entre nós santificado o seu nome, esteja entre nós o seu reino e se faça a sua vontade" (Catecismo Maior).
É fundamental ter consciência que o mal está em nós para poder reagir contra ele. Se o negarmos favoreceremos sua ação. Tudo aquilo que nos afasta de Deus e uns dos outros é ação do diabo e, portanto, maldade.
Oremos pedindo que Deus nos proteja das maldades de outras pessoas-violência, destruição, sofrimento, dor e morte. Somente Deus pode nos cuidar com seu amor protetor. Por outro lado, oremos pedindo que Deus retire de nossos corações sentimentos e atitudes que geram maldades: ódio, vingança, inveja, fofoca, egoísmo, orgulho, preconceitos, enfim, tudo que não faz parte da lista de valores cristãos que Jesus Cristo nos deixou.
Ore "mas livra-nos do mal" com a fé e peça a Deus que livre você do mal que possa sofrer, mas também do mal que possa cometer. Orando assim, você participará do Reino de Deus como instrumento promotor de paz, amor, solidariedade, perdão - vida. "Pois sabemos que em todas as coisas Deus trabalha para o bem daqueles que o amam, daqueles a quem ele chamou de acordo com o seu propósito" (Romanos 8.28).
Oração: Bondoso Deus livra-nos do mal. Dá que eu possa viver minha vida protegido por ti e que tu me protejas de cometer maldades. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
P. Maurício Roberto Haacke
Santa Rita - Alto Paraná/Paraguai
DEZEMBRO
Pois teu é o Reino, e o Poder e a Glória para sempre. Amém.
No Catecismo Menor Lutero leem as palavras:"Pois teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém" como sendo a conclusão de toda a oração do Pai Nosso. Na explicação, entretanto, ele apenas pergunta: "Que significa Amém?" E sua resposta é: "Devo estar certo de que estas petições são agradáveis ao Pai celeste e ouvidas por ele; pois ele mesmo nos ordenou orar desta maneira e prometeu atender-nos. Amém, Amém, isto significa: Sim, assim seja!" O Amém significa a firme fé de que isto que oramos é verdade, e não duvidamos. Esse crer na bondade de Deus, expresso nesta palavrinha Amém encontramos formulado de modo fundamental em toda a Teologia da Reforma, na certa promessa da graça e do perdão de Deus. Deus já se decidiu pela graça e a questão agora é crer nesta promessa.
Na Idade Média existe uma espécie de instrumentalização da culpa e do sentimento de culpa contra as pessoas, não objetivando o perdão, mas sim a dependência. Era uma espécie de economização da culpa.
Aqui o firme crer e não duvidar da certeza da graça de Deus e do seu perdão não permite mais a instrumentalização da culpa contra as pessoas, dominando suas consciências com medo da ira de Deus. Assim, do ponto de vista da teologia luterana, podemos dizer que existem dois tipos de pecados: um deles é não reconhecer o pecado de forma sincera, passando uma camada de ilusão sobre a realidade, nos desculpando - enfim, não reconhecendo nossa real responsabilidade e omissão. O outro pecado é duvidar da graça de Deus, desconfiar de Deus. Lutero diz que onde não há fé não é atribuída a glória de Deus, isto é, não é atribuída a Deus a verdade, de que ele é justo e misericordioso. Sem a fé, Deus "manda embora" de nós sua glória, sapiência, justiça, verdade e misericórdia. Com a fé Deus quer criar toda a sua glória não somente em si mesmo, mas em nós!
Justificados e justificadas por graça mediante a fé nos voltaram para servir por gratidão. Como o mundo ainda não vive conforme o reino, confiantes em Deus, cristãos e cristãs se engajam no mundo, juntamente com todas as pessoas de boa vontade, para que haja justiça e direito. Deus age também através da política para que o mundo não sucumba por causa das consequências sociais e ecológicas do pecado. Oramos "nosso" (e não "meu"), oramos para que o reino e a graça de Deus sejam também das outras pessoas. Deus espera em nossa oração a confissão e a verdade, e ele responde na verdade do seu amor. Amém.
Oração: Pai amado! O Reino o Poder e a Glória já são teus desde a eternidade; e o serão para sempre. Carece de nós, teus filhos e filhas, e o mundo reconhecer isto através de palavras e ações. Dá-nos, ó Pai, que e reconheçamos e vivamos. Amém.
P.Dr. Silfredo B. Dahlfert
Liechtenstein
Parabéns por esse trabalho, muito edificante. Mensagens que precisam ser divulgadas, para chegar ao coração de muitos. Clarice
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