quarta-feira, 12 de dezembro de 2012



EIS QUE O REI VEM A VOCÊ... ZC 9.9B

    Mas uma vez nos aproximamos do natal. Depois daquele primeiro natal em Belém, no qual o Filho de Deus veio para o que era seu, mas os seus não o receberam(João 1.11), muitos outros natais houve. De quantos natais você já participou em sua vida? Que lembranças você carrega em relação a eles? Encontros de famìlia? Festejos? Comida e bebida com fartura? Presentes? Viagens? Que espaço tem havido para o Rei que vem?
     Quase todas as pessoas comemoram o natal, inclusive os que se declaram não cristãos. Há um clima natalino que acaba por contagiar toda a sociedade, ainda que ele seja muito mais produzido pelo espírito comercial do que pelo Espírito de Cristo. Ainda que pareça ser uma notícia redundante, creio que vale à pena dizer que natal é celebração do nascimento de Jesus Cristo. Veja bem, celebração é bem mais do que comemoração. Natal é mais do que uma comemoração de um fato passado. Do contrário, ele não passaria de uma lembrança que acabará por não fazer muita diferença no pós-natal dos que a comemoram.
     O primeiro natal é mais do que um fato do passado a ser lembrado. Ele é o testemunho de uma criança que mudou o mundo. A criança nascida em Belém dividiu a história, por isso hoje falamos em um período antes de Cristo e depois de Cristo. Por essa razão, o profeta Isaías quando anuncia a sua chegada diz: Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado...(Isaías 9.6a). Diferente do que o anúncio corriqueiro e normal do nascimento de uma criança, esta se distingue pelo fato de que é um menino que nos nasceu, um filho que nos foi dado. Ele nasceu para nós, mesmo que vivamos 2.000 anos depois dos acontecimentos de Belém.
     Todos os acontecimentos que envolveram o nascimento do filho de Deus foram fatos inusitados e extrapolaram qualquer expectativa humana. Ele entrou neste mundo por uma estrebaria; assumiu a forma de uma criança pobre e indefesa; revelou-se em primeira mão a pastores marginalizados e esquecidos. Experiências inusitadas em meio à normalidade da vida. Assim foi ontem e assim é hoje. Seu poder transformador continua a existir e continua a agir. E se o primeiro natal é o testemunho de uma criança que mudou o mundo, os próximos natais testemunham de que a criança cresceu, saiu da manjedoura, foi para a cruz, ressuscitou, subiu ao céu e continua a transformar vidas de pessoas
     Por isso, um natal que nos proporciona a experiência da transformação de nossa vida e de nossa realidade, terá de ir muito além do clima natalino, da comida e bebida, de uma bela viagem e mesmo de um mero encontro familiar. Mesmo que todos estes possam ser considerados como uma dádiva de Deus, a bênção de Deus no natal pressupõe um encontro pessoal com ele. Só este confere descanso às nossas almas, alegra o coração, transforma nossa vida familiar e garante um natal abençoado. Uma experiência que certamente irá extrapolar o próprio natal e deixará marcas em toda a nossa vida. Ali será possível experimentar sua presença, seu falar, seu agir, seu perdão, sua graça. Este, e somente este será o natal que transforma.
     No bau de minhas lembranças familiares encontrei a história de um antepassado que teve uma experiência muito significativa em um dos natais de sua vida. Ela é um testemunho vigoroso de que, na busca pelo pecador com o intuito de reconciliá-lo, o Senhor anda por caminhos inesperados e incomuns. Vamos chamá-lo de Carlos. Jovem, descendente de alemães, aos 18 anos foi convocado pelo exército brasileiro para servir à pátria justamente no período da 2ª guerra mundial. Num desses natais ele se viu no front italiano combatendo o exército alemão. Imaginem: Justamente no natal empunhando a metralhadora para matar. Esta era sua tarefa e sua missão.
     Fez se um pequeno intervalo entre a ordem do comandante para atirar até que Carlos efetivamente começasse a atirar. Neste intervalo, vozes cruzaram o céu em cântico. Eles vinham das hostes inimigas. O exército alemão cantava "noite feliz". Em um mundo que quer produzir paz com armas nas mãos aquelas vozes fizeram a arma de Carlos calar e cair de sua mão. Profundamente tocado pelo Espírito Santo de Cristo ele não conseguiu mais atirar. Aquele gesto lhe custou um preço, pois foi entendido por seu comandante como um ato de indisciplina.
     Meses depois, após o término da 2ª guerra mundial Carlos pôde voltar para sua casa paterna. Sua vida nunca mais foi a mesma. Aquele encontro deixou uma marca, a marca de Cristo em sua vida. Cristo havia dividido sua história entre um antes e um depois. Ele havia experimentado um milagre. Milagres na Bíblia nunca conduziram à soberba e ao orgulho, sempre à humildade e ao serviço. E não foi diferente com Carlos, pois a humildade e o serviço o acompanharam até o túmulo.
     Na sua casa paterna, também o natal, a partir daí nunca mais foi o mesmo. Ao invés de uma mera comemoração passou a ser uma celebração do amor de Deus, que se reflete naquela casa até aos dias de hoje, ainda que Carlos já tenha morrido há mais de vinte anos. Hinos de louvor a Deus, leitura e meditação na Palavra Bíblica e Oração sempre tiveram um lugar central. Ali se descobriu a liberdade para agradecer e a liberdade para confiar.
     Desejo um abençoado tempo de advento e natal!
                                               
                                                 Pastor Sinodal Sigolf Greuel

Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Sínodo Centro-Sul Catarinense

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